Por: CGNews/Redação
Antes alvo de debates acalorados sobre a possibilidade de retirada de grandes extensões de áreas para expansão de pastagens para a pecuária, agora o Pantanal protagoniza outro debate econômico. Com a valorização de créditos de carbono retidos na natureza, o bioma figura como um investimento proveitoso exatamente pela sua preservação.
Setores da economia terão que reter ou remunerar a preservação de carbono na natureza como forma de contribuir com a redução do efeito estufa e investir em florestas se tornou uma necessidade ou, até mesmo, uma forma de obter rendimentos.
“Você quer política antidesmatamento mais eficiente do que a financeira?”, questiona o governador Eduardo Riedel, do PSDB, que considera que o estágio de preservação do Pantanal precisa ser valorizado e está caminhando para esse reconhecimento. “Eu quero transformar esse ativo ambiental que a gente tem em recurso, em valor para o sistema produtivo nosso”, disse, em entrevista concedida durante visita ao Campo Grande News, na manhã desta sexta-feira.
O governador informou que este será um dos temas a serem tratados em evento com o setor empresarial norte-americano em maio, o MS Day. Questionado se atrair investidores para cultivar florestas no Estado seria uma grande aposta, considerou que essa frente seria “um negocinho” diante da amplitude no tema. O que de fato impactaria nos debates sobre a remuneração pelo carbono retido na natureza estava no Pantanal, em reserva ambiental e pagamento de serviços ambientais, diante de 8 milhões de hectares no Pantanal. “Pega o bioma Pantanal, 93% da biodiversidade preservada e 84% do bioma preservado. Aí você estratifica isso e a gente tem um cálculo.”
Segundo o governador, já há grupo de trabalho se debruçando no tema e os debates devem ganhar projeção nos próximos meses. Ele aponta haver uma condição no Estado favorável que é regularização das propriedades com o CAR, o Cadastro Ambiental Rural, um registro obrigatório. Ele espera que empresários se sintam seguros em investir na preservação no Estado e sejam “partícipes de um processo onde eles tenham transparência, crença que o investimento em ações de sustentabilidade seja interessante para eles.”
Desenvolvimento X preservação
Questionado sobre como conciliar a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico, especialmente pelo fato de o Estado divulgar que pretende ser carbono neutro até 2030, o governador apontou que essa mensuração ocorre na hora de atrair empreendimentos. “Se você olhar todos os empreendimentos industriais de monta no Estado, todos eles estão vinculados a uma indústria 4.0 e circular”, comentou. Segundo ele, são empreendedores geradores de energia limpa, com ações para sequestro de carbono.
Ele aponta que a criação de suínos e aves “talvez seja a que menos tem esse vínculo com a transição energética. Floresta plantada tem, etanol de milho tem, moagem de soja e grãos, você produz, subproduz, alimenta a cadeia de suínos e aves aqui. Então, em todas essas cadeias produtivas, a gente tem um acompanhamento de perto dos impactos que existem e a mensuração”.
Riedel afirmou que há monitoramento de empresas e também do desmatamento, com rede de satélites em controle permanente, condição que colocou o Estado como representante dos demais onde há o bioma Cerrado como representante em grupo de trabalho envolvendo vários ministérios. “Então, a gente está muito seguro que esse processo de crescimento econômico, ele não tem gerado um desbalanço, vamos chamar assim, com impacto tão grande na questão ambiental.”