Por: Correio do Estado/Redação
A CCR MSVia, que atravessa Mato Grosso do Sul de norte a sul, passará por uma relicitação neste ano – Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado
Mesmo com um consistente aumento nas receitas com pedágio, a MSVia, subsidiária do grupo CCR que detém a concessão da BR-163 em Mato Grosso do Sul, reportou um prejuízo em suas atividades pelo segundo ano consecutivo.
O prejuízo da empresa decorre de seu resultado financeiro – prejuízo de atividades não operacionais – e da substituição de boa parte do pavimento da rodovia, que precisou ser trocado em função do fim de sua vida útil.
Conforme o balanço publicado pela CCR MSVia, a empresa teve no ano passado um prejuízo de R$ 373,6 milhões em sua operação, resultado 14,1% menor que o prejuízo do exercício de 2023, que chegou a R$ 436,1 milhões.
Os resultados publicados pela CCR tiveram o alívio do aumento do faturamento da empresa com a cobrança de pedágio. Durante todo o ano de 2024, foi arrecadado – nas nove praças de cobrança ao longo dos 845 km de rodovia – um total de R$ 229,2 milhões, valor 27,8% maior que os R$ 179,4 milhões do ano anterior. A receita líquida da MSVia ao longo do ano passado foi de R$ 272,2 milhões.
O aumento nos investimentos, como a troca do revestimento, foi de 124,7% em 2024. O valor passou de R$ 9,2 milhões em 2023 para R$ 20,7 milhões no ano passado.
A dívida líquida da CCR MSVia, proveniente dos empréstimos feitos na década passada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF), caiu 1%: era de R$ 641 milhões no exercício anterior e agora é de R$ 634 milhões.
RELICITAÇÃO
Para o próximo ano, haverá mudanças nos balanços da empresa, pois ela passará por um processo de relicitação no dia 22 de maio. O edital com as regras foi publicado no Diário Oficial da União no dia 31 de janeiro.
Trata-se da primeira concorrência lançada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) neste ano. No leilão, outras empresas interessadas em administrar a BR-163 poderão fazer suas propostas.
Atual concessionária, a CCR MSVia está pré-habilitada.
Caso não haja interessados no leilão, ela permanecerá com a concessão da rodovia pelos próximos 29 anos. O contrato reestruturado terá um prazo de 29 anos, sendo 19 anos remanescentes do contrato original, vigente desde 2014, e mais 10 anos adicionais de otimização.
Para desbancar a atual concessionária, um concorrente terá que comprovar que tem a quantia de R$ 1,122 bilhão na conta bancária. Além disso, terá que cobrar um pedágio em valor inferior ao que a CCR está disposta a praticar.
Quase metade desse valor, R$ 552 milhões, seria destinada à quitação das dívidas da CCR com o BNDES. Até o dia do leilão, esse montante já será maior, pois o valor se refere a 31 de dezembro do ano passado.
INVESTIMENTOS
Os investimentos nos 845,9 km da BR-163 totalizarão pouco mais de R$ 17 bilhões ao longo dos 29 anos de contrato.
O edital prevê 203 km de duplicação, 147,77 km de faixas adicionais, 28,2 km de contornos, 22,99 km de vias marginais e a execução de seis correções de traçado.
Já nos primeiros três anos do contrato otimizado, a ANTT afirma que pelo menos R$ 2 bilhões em investimentos estão programados. Para esse período, está prevista uma atualização no valor do pedágio, mas o reajuste só será aplicado após a execução das obras, garantindo a vinculação dos recursos às melhorias.
Atualmente, as tarifas seguem em R$ 0,0752 por quilômetro rodado, contudo, a partir da repactuação, elas devem subir para R$ 0,1026.