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Majestoso, jequitibá de 101 anos ganha proteção ambiental no coração da cidade

Árvore de 101 anos agora é tombada como patrimônio da cidade e receberá proteção especial à altura da sua importância.

by Redação

Por: Idaicy Solano – CGNews/Redação

Majestoso e imponente, jequitibá da espécie Cariniana Estrellensis ganhou proteção especial. (Foto: Henrique Kawaminami – CAMPO GRANDE NEWS)

Moradora antiga e imponente da Praça Ary Coelho, famosa por conta da perfeição de um buraco ao centro, árvore de 101 anos agora é tombada como patrimônio da cidade e receberá proteção especial à altura da sua importância.

Plantada na entrada da praça, no dia 7 de setembro de 1922, para comemorar o primeiro século da Independência, hoje é símbolo de resistência no cruzamento das ruas 13 de Maio e 25 de Novembro, região central da Capital. A outra, plantada no mesmo dia, não vingou, mas o irmão jequitibá está em plena saúde e agora protegido de cortes e qualquer intervenção que atente contra sua existência. O decreto foi publicado pela Prefeitura de Campo Grande na manhã desta terça-feira (23).

Tombado como patrimônio ambiental da cidade, o decreto reforça a preservação da história que criou raízes em uma das mais tradicionais e antigas praças da cidade. A árvore plantada no coração do Centro de Campo Grande é da especie Cariniana Estrellensis e pode chegar até 50 metros de altura.

A palavra “jequitibá” é originária do tupi e significa “gigante da floresta”. O jequitibá é de relevância nacional e faz parte da cultura brasileira, vindo a ser até mesmo personagem de novelas e livros. Para a cidade de Campo Grande, sua presença grande e majestosa pôde ser apreciada por várias gerações.

A vendedora e ativista Alba Chaves, 50 anos, faz questão de cortar caminho por dentro da praça, apenas para sentir o contato com a natureza e “respirar”. A ativista declara que ama as árvores e se sente em paz ao redor delas. A primeira árvore que ela encontra ao entrar no local com a bicicleta é a figura do jequitibá.

Ativista na causa ambiental, Alba Chaves comenta sobre importância da preservação da árvore. (Foto: Henrique Kawaminami – CAMPO GRANDE NEWS)

“Tem que proteger, tem que ter respeito pelas árvores, principalmente quando é uma árvore centenária. As pessoas não têm direito de vir arrancar. Infelizmente as pessoas estão muito antiecológicas. Já vi cortarem tantas árvores sem necessidade”, comenta Alba.

O aposentado Carlindo Bento Feitosa, 88 anos, é frequentador assíduo da praça. Ele costuma ir ao local pela manhã e se sentar à sombra do jequitibá para conversar. Em breve conversa com a reportagem, o senhor Carlindo revelou que a praça passou por diversas mudanças nos últimos anos, inclusive em relação ao perfil dos frequentadores do local.

Na visita à praça, a reportagem observou que muitas pessoas passavam pelo local, algumas até paravam para se sentar à sombra do jequitibá, igual ao aposentado. A folhagem da árvore abriga desde as crianças que brincam no parquinho até o carrinho de um vendedor de água de coco, protegendo-o do sol.

O retrato da praça descrito pelo aposentado e observado pela repórter pondera sobre quantos campo-grandenses e visitantes de outras localidades tiveram a oportunidade de se sentar para prosear, ou até mesmo ler um bom livro, na sombra dela. Agora, com direito até a placa declarando sua imunidade, novas gerações terão a mesma oportunidade. “O ideal é conservá-las sempre”, conclui Carlindo.

Aposentado Carlindo Feitosa vai diariamente para a praça aproveitar uma boa prosa embaixo da sombra do jequitibá. (Foto: Henrique Kawaminami – CAMPO GRANDE NEWS)

Proteção especial – O decreto da prefeitura, publicado na edição desta terça-feira no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), institui que está proibido o corte, poda, derrubada ou qualquer ação ou intervenção que possa provocar danos, alterações ou morte da árvore. O jequitibá será vistoriado e cuidado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

Importância nacional – Personagem de livros e novelas, o jequitibá foi figura importante na obra “Renascer”, de Benedito Ruy Barbosa. No primeiro capítulo da trama, o personagem Zé Inocêncio encontra um jequitibá no município de Ilhéus, no estado de Bahia, na ocasião, finca seu facão no tronco da árvore, simbolizando o início de seu domínio sob a região.

Risco de extinção – A espécie Cariniana Estrellensis, o Jequitibá-Branco, encontrada em Mato Grosso do Sul e em outros 11 estados brasileiros, está na lista de espécies ameaçadas de extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ela é classificada como “vulnerável” pelo Instituto. A perda de habitat e exploração desordenada sem plantio de reposição são as principais causas.

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