Por: CGNews/Redação
O município de Inocência, localizado a 331 km de Campo Grande, tem tido como um dos principais desafios a superlotação na rede hoteleira. Isso porque os funcionários da nova fábrica de celulose, Arauco, estão ocupando os espaços.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Inocência, Valmes José de Carvalho, Dedé, até julho, a expectativa é de receber cinco novos hotéis, sendo que um já está pronto e outros quatro ainda em construção.
“O problema aqui em Inocência é que os hotéis estão sendo alugados para a empresa. Nós precisamos de moradia urgente, estamos com falta de casa. Os hotéis estão sendo ocupados pelos funcionários, a maioria dos contêineres fecharam para funcionários da empresa. Acredito que até meio do ano, teremos cinco hotéis”, pontuou.
A Arauco terá em torno de 14 mil empregos no pico da obra. Quando for concluída, a operação empregará um contingente de cerca de 6 mil trabalhadores, entre as áreas florestal, operacional e de logística.
Em uma pesquisa rápida, o Campo Grande News entrou em contato com sete hotéis no município, mas nenhum tinha vaga e nem data prevista para iniciar a reserva.
“Estamos lotados, a empresa ainda não deu previsão de sair para iniciarmos as reservas”, disse o atendente de um dos hotéis, que preferiu não se identificar.
Conforme dados do Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população de Inocência era de 8.424 naquele ano, mas Valmes acredita que, nos últimos 8 meses, deve ter aumentado para 13 mil.
“Tem moradores, pessoas que nasceram aqui indo embora, porque não têm casa e as casas que têm, o aluguel subiu. Aluguel que era R$ 800, hoje está R$ 2,5 mil, R$ 3 mil. A nossa população não é de classe média alta, é uma cidade pequena”, completou.
Em relação ao turismo por lá, existe a cachoeira Toco Preto, que segundo a Câmara Municipal, será revitalizado pela Arauco.
O vereador também apela para a construção de escola e hospital. “Precisamos de moradia, de um hospital para que a gente possa fazer cirurgias, raio-x, atendimento de qualidade, precisamos de creche, escola, e mais policiamento para dar conta”, finalizou.
A reportagem entrou em contato com a Arauco, que já está apurando sobre a situação e irá se posicionar. O Sindha MS (Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação) também foi contactado, mas não retornou até a publicação desta matéria.
Projeto – O investimento da empresa chilena Arauco, na ordem de US$ 4,6 bilhões, receberá o nome de Projeto Sucuriú. A operação terá capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose branqueada.
Ano passado, a empresa recebeu um estudo sobre Inocência e os impactos que a chegada da fábrica de celulose deve causar na cidade, para discutir ações mitigatórias com o poder público e a comunidade.
O diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Theófilo Militão, informou que o Governo do Estado destinou uma área para a empresa construir um conjunto habitacional com cerca de 700 casas.
O empreendimento fica a 50 quilômetros do município. Uma das condições foi a criação de alojamento para os trabalhadores da obra fora do perímetro urbano, com estrutura própria de serviços de saúde, para evitar impacto muito grande.