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Enquanto livrarias tradicionais fecham, trio abre espaço físico

by Redação

Por: CGNews/Redação

Após anos com livraria itinerante, projeto ganhou sede. (Foto: Juliano Almeida)

Há dois anos, Bianca Resende e Felipe Mafra decidiram criar uma livraria itinerante e “passear” com as obras por Campo Grande. No caminho, o escritor Febraro de Oliveira se uniu como parte do projeto e, neste fim de semana, o trio abriu um espaço físico contrariando as ondas de encerramento de livrarias. Sonhando (e construindo) um cenário que pede por locais abertos aos encontros com letras, a ideia é que as rotinas literárias vistas, por exemplo, em São Paulo também estejam por aqui.

Em 2021, Bianca voltou para Campo Grande após uma viagem decidida que seu futuro seria fora daqui. Isso porque ela e Felipe viajaram à capital paulista e aproveitaram um itinerário por livrarias, sempre conversando com pessoas apaixonadas pela área.

Um ano antes, Felipe havia sugerido que os dois precisavam transformar uma conversa antiga em realidade: abrir uma livraria. Somando esse diálogo à visita a São Paulo, a sócia-proprietária da Hámor conta que voltou com “febre”. A vontade de viver o cenário cultural voltado para a literatura tinha se tornado mais intensa.

Por um tempo, ela chegou a ver imóveis por lá, mas percebeu que seu lugar era realmente aqui. Além disso, decidiu que criar um ambiente literário como desejava aproveitar era uma oportunidade em Mato Grosso do Sul.

Enquanto sobram programações em São Paulo, falta em Campo Grande. Logo, o convite de Felipe lá atrás se tornou uma realidade e os dois iniciaram as vendas itinerantes em praças e alguns eventos.

No início, a ideia se manteve, mas Bianca explica que a fragilidade dos livros e o trabalho simplesmente pela venda das obras começou a perder sentido. “A gente começou a pensar sobre a necessidade de um espaço para confraternizar e materializar desejos que a gente tinha. Mas, em primeiro lugar, os livros sofriam muito por serem levados de lá para cá”.

Dias chuvosos entraram para a lista de terror dos dois e, unindo as dificuldades com vontades, o espaço físico se tornou algo ainda mais necessário.

(Foto: Juliano Almeida)

(Foto: Juliano Almeida)

Bianca cita que os eventos de leituras integrais em alguns espaços ajudaram em parte do tempo, mas a literatura continuou não sendo algo parte do imaginário cotidiano. Na prática, o evento com os livros tinha hora para acabar e para o “rolê” começar.

Agora, com a abertura da Hámor fisicamente, o público pode tanto aproveitar os livros que estão ainda mais cuidados e seguir uma série de eventos que querem desenvolver o cenário visto por Bianca em São Paulo.

Falando justamente sobre isso, a professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Rosana Zanelatto defende que a abertura do espaço não é relevante apenas para a comercialização dos textos, mas por ser um espaço de convivência ao lado e em meio às palavras.

“Os três estão há um tempo fazendo leituras integrais de textos e ‘deslocalizando’ o espaço da leitura, já que muita gente pensa que está restrito ao espaço da escola e da universidade. Mas, quando a leitura vai para outros lugares, ela pode se flexionar em uma experiência coletiva”, diz Rosana.

Ainda de acordo com a professora, a existência de um local para compartilhar cursos de escrita criativa, oficinas com outras experiências artísticas e aproximação cultural é o que realmente se destaca.

E, além da livraria, o espaço também conta com um café que divide o endereço do antigo Recanto das Ervas.

Localizados na Rua 13 de Junho, 1592, a livraria e o café já estão funcionando de terça a sexta-feira, das 13h às 19h, e aos sábados das 9h às 16h.

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