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Acidentes de moto causam amputação de até 10 pessoas por semana na Capital

by Redação

Por: CGNews/Redação

(Foto: Marcos Maluf)

Na Capital, acidentes de moto causam a amputação de 5 a 10 pessoas por semana. A média foi estipulada pelo médico Marcos Rogério Covre, cirurgião vascular e chefe de residência médica da Santa Casa de Campo Grande. Se considerado o menor índice, por mês, 20 pessoas perdem algum membro. O número pode ser ainda pior quando comparado aos 12 meses do ano, onde 240 pessoas são amputadas. No cenário em que a média é o maior valor, são 480 em um ano.

De acordo com o médico, a maioria das amputações por traumas, no caso, acidentes, estão relacionadas ao uso de veículos com duas rodas. Entre as perdas mais comuns estão as pernas e dedos. O perfil das vítimas pode ser descrito como jovens, homens e que utilizam o veículo como forma de trabalho. O índice de vítimas masculinas amputadas é de 70 a 80%, segundo o cirurgião. As mulheres, quando acontece, estão de carona na moto.

“É uma epidemia de trauma. Maior índice é de amputação de coxa, ou seja, cortes acima do joelho, e de perna, abaixo. Geralmente as vítimas são adultos, jovens em fase produtiva e motoboys. Dificilmente são idosos. A maioria não consegue trabalhar e aposenta por invalidez”.

Devido à vivência nas mesas de cirurgia, Marcos acredita que o uso da moto deveria ser abolido, mas entende que o assunto é muito mais complexo. O desrespeito às regras de trânsito também colaboram com os acidentes. A vulnerabilidade do corpo no veículo é fator determinante.
Acidentes de moto causam amputação de até 10 pessoas por semana na Capital
Marcos Rogério Covre, cirurgião vascular e chefe de residência médica da Santa Casa (Foto: Marcos Maluf)

“Quando vê as pessoas andando de chinelos na rua, ela não tem noção que a primeira coisa que vai são os dedos. Ela não sabe o tamanho disso. É um problema social, financeiro, porque é uma população jovem que não consegue trabalhar direito. Isso quando não ficam afastados por invalidez para sempre. Claro que o carro é muito mais caro, a moto é economicamente mais barata, mas ninguém faz a conta do mal que é a moto”.

Ele explica que a reabilitação não possui tempo determinado, tampouco a prótese é padronizada. Em Campo Grande, após a cirurgia, os pacientes são encaminhados à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) para aquisição da prótese, disponível pelo SUS (Sistema único de Saúde).

“O tempo é menor quando o paciente é mais jovem. O grande problema do trauma de membro é que pode estar associado a outros, como abdômen, fêmur, tíbia. É um processo que deve demorar, se tudo correr bem é de 1 ano. Muitos cotos – parte que fica após a amputação – infeccionam porque o cara arrebenta a perna no asfalto, se for jovem é mais fácil a reabilitação de perna. A gente sempre tenta amputar abaixo, mas às vezes é impossível”.

De acordo com ele, as próteses oferecidas pelo SUS não são ruins, mas precisam ser atualizadas. “Normalmente o SUS não oferece as mais modernas, com a de titânio. Eu digo que as próteses são iguais ao vinho, quanto mais caro melhor. Isso porque a peça é mais resistente e mais leve. Uma prótese com coxa e joelho é muito pesada, a prótese mais moderna é menos pesada. O padrão do SUS não é ruim, mas é uma básica”.

Acidente e amputação – No domingo (12), uma motociclista de 21 anos ficou gravemente ferida na BR-163, em Campo Grande, após bater a moto que conduzia de frente com uma carreta. Na colisão, a jovem teve a perna arrancada. Conforme boletim de ocorrência, o condutor do veículo de carga contou que seguia pela rodovia, entre Anhanduí e Campo Grande, quando a vítima jogou a motocicleta na pista contrária.

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