Por: Correio do Estado com informações de Ministério da Saúde e Agência Brasil. Colaborou: Glaucea Vaccari/Redação
Cinco municípios de Mato Grosso do Sul estão em estado de emergência para a dengue, e outros nove foram classificados como “estado de alerta” no último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Aral Moreira, Paranhos, Sete Quedas, Costa Rica e Laguna Carapã apresentam alta incidência da doença, ou seja, mais de 300 casos por 100 mil habitantes.
Em Aral Moreira, foram notificados 224 casos prováveis da doença na última semana, incidência de 2.084,1. Já em Paranhos, foram 101 casos, incidência de 781,7. Sete Quedas teve 80 casos, Costa Rica registrou 120 e Laguna Carapã 27.
Os municípios em estado de alerta são Chapadão do Sul, Coronel Sapucaia, Paraíso das Águas, Ladário, Água Clara, Maracaju, Iguatemi, Douradina e Antônio João. Confira levantamento da SES:
A Secretaria de Saúde do Estado se preocupa com uma nova epidemia da doença em Mato Grosso do Sul, e já adota medidas para ajudar os municípios no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
Isso porque alguns estados, como o Acre, Rio de Janeiro, Minas Gerais, e o Distrito Federal já decretaram estado de emergência. Além disso, o vizinho Mato Grosso também está em alerta, e recebeu neste sábado (3) um Centro de Operações de Emergência (COE) do Ministério da Saúde para monitorar os casos de dengue no estado.
No mês de janeiro, 29 pessoas morreram de dengue em todo o Brasil, e 262.247 casos prováveis da doença foram registrados. O Ministério da Saúde ainda investiga outros 173 óbitos.
Em Mato Grosso do Sul, no primeiro mês do ano, foram contabilizados 1.424 casos prováveis e 191 casos confirmados da doença, e uma morte segue em investigação.
Uma das medidas adotadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) neste enfrentamento é o repasse de R$ 4 milhões para ajudar os municípios sul-mato-grossenses a custearem ações de vigilância, prevenção e atenção à saúde. O recurso é oriundo do Fundo Especial de Saúde (FES), da SES, proveniente do Tesouro Estadual.
A resolução foi publicada em edição extra do Diário Oficial do dia 18 de janeiro.
O incentivo deverá fortalecer as ações de vigilância, a fim de:
Aumentar a capacidade de atendimento da rede municipal de saúde, por meio da ampliação do horário de atendimento das unidades básicas de saúde;
Promover a aquisição de medicamentos e insumos necessários para reforço no atendimento da população;
Auxiliar no custeio de horas trabalhadas por profissionais de saúde especificamente para as ações emergenciais descritas nesta portaria;
Incentivar o custeio de atividades de mobilização para combate ao mosquito Aedes, incluindo aquisição de materiais e insumos;
Auxiliar no custeio de atividades de ampliação do hemograma e reforço da hidratação oral e venosa na APS.
Os Municípios contemplados por esta Resolução terão o prazo até 31 de agosto de 2024, após o recebimento da parcela única, para executar o incentivo financeiro.
Campo Grande, Corumbá, Dourados e Três Lagoas são os municípios que devem receber o maior valor, com R$ 160 mil previstos pela SES.
Histórico
No ano passado, 42 pessoas morreram de dengue no Estado, número 75% superior ao registrado em 2022 (24), e 200% maior do que o registrado em 2021 (14).
Fonte: SES
VACINA
No dia 20 de janeiro, a primeira remessa com cerca de 757 mil doses da vacina Qdenga —fabricada pelo laboratório Takeda, chegou ao Brasil.
O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024 – 5,2 milhões de doses – que, de acordo com a previsão informada pela empresa, serão entregues ao longo do ano, até novembro.
Conforme noticiado anteriormente, Mato Grosso do Sul será o único estado brasileiro a ter a vacina em todos os municípios. Isso porque a pasta considerou alguns critérios, como alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024 e maior predominância do sorotipo DENV-2, para realizar a distribuição.
DENGUE
SINTOMAS
Febre alta > 38°C;
Dor no corpo e articulações;
Dor atrás dos olhos;
Mal estar;
Falta de apetite;
Dor de cabeça;
Manchas vermelhas no corpo.
No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade.
Normalmente, a primeira manifestação da doença é a febre alta, superior a 38ºC, de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele.
Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito.
A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
SINAIS DE ALARME
Os sinais de alarme são caracterizados principalmente por:
Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua;
Vômitos persistentes;
Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
Hipotensão postural e/ou lipotímia;
Letargia e/ou irritabilidade;
Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal;
Sangramento de mucosa;
Aumento progressivo do hematócrito.
A fase crítica tem início com o declínio da febre (período de defervescência), entre o 3° e o 7° dia do início de sintomas. Os sinais de alarme, quando presentes, ocorrem nessa fase. A maioria deles é resultante do aumento da permeabilidade capilar. Essa condição marca o início da piora clínica do paciente e sua possível evolução para o choque, por extravasamento plasmático. Sem a identificação e o correto manejo nessa fase, alguns pacientes podem evoluir para as formas graves.
Os casos graves de dengue são caracterizados por sangramento, disfunções de órgãos ou extravasamento de plasma. O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido pelo extravasamento, habitualmente entre o 4º e o 5º dia – no intervalo de 3 a 7 dias de doença –, sendo geralmente precedido por sinais de alarme.
Mulheres grávidas, crianças e pessoas mais velhas (acima de 60 anos) têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
Os riscos aumentam quando o indivíduo tem alguma doença crônica, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outros sorotipos.
Busque ajuda!
Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
TRANSMISSÃO
O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo urbano humano–vetor–humano. Os relatos de transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e transfusional são raros.
PREVENÇÃO
Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas/capas/tampas, impedindo a postura de ovos do mosquito Aedes aegypti. Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão. A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia.
Recomenda-se as seguintes medidas de proteção individual:
Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas;
Usar repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. Também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Repelentes de insetos contendo DEET, IR3535 ou Icaridina são seguros para uso durante a gravidez, quando usados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo 3 vezes ao dia;
A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.
TRATAMENTO
O tratamento para infecção pelo vírus dengue é baseado principalmente na reposição volêmica adequada, levando-se em consideração o estadiamento da doença (grupos A, B, C e D) segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, assim como no reconhecimento precoce dos sinais de alarme. Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:
Repouso relativo, enquanto durar a febre;
Estímulo à ingestão de líquidos;
Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
Não administração de ácido acetilsalicílico;
Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.
Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença.
A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.
É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima.
O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque pode ser infectado com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda susceptível aos demais.