Por: Laura Brasil/Correio do Estado?Redação
O fotojornalista Roberto Higa, ícone da profissão que nunca deixou de fotografar, concluiu o primeiro ciclo de quimioterapia e radioterapia, que durou cerca de seis meses, e tocou o sino da vitória no Hospital de Câncer Alfredo Abrão de Campo Grande (HCAA).
Em conversa com o Correio do Estado, Sandra Higa, esposa de Roberto, relatou que, assim que souberam do diagnóstico de câncer, foi um momento complicado para a família.
“Foi muito dolorido. A gente não esperava, pelo quadro de saúde dele, que tem Alzheimer, problema cardíaco e diabetes. Então, foi muito complicado para todos nós da família”, explicou Sandra.
O tratamento foi descrito por Sandra como “uma caminhada de idas e vindas” ao hospital, com momentos em que Higa não queria ir fazer o tratamento e situações recorrentes de quem enfrenta o câncer, como a queda da imunidade, que acaba interrompendo o processo.
“O momento mais difícil do câncer é a aceitação, tanto da gente quanto da família. Por quê? Por quê? A gente se faz essas perguntas, mas nada na vida acontece por acaso. Então, veio, estamos fazendo o tratamento. Agora, a rádio e a quimio terminaram.”
Próxima etapa
Agora, Higa deve esperar até março para fazer exames que trarão respostas aos médicos sobre como seu organismo reagiu e se o câncer regrediu, conforme explicou Sandra.
O caminho ficou mais leve devido à união de amigos e da família, todos em oração pela recuperação do fotojornalista. Mesmo durante o tratamento e com outros problemas de saúde, Sandra garantiu que a convivência com Higa é tranquila.
Memórias
O fotojornalista, conhecido por ter registrado a Divisão do Estado, entre os mais variados trabalhos jornalísticos, sofreu um AVC e, dois anos depois, recebeu o diagnóstico de Alzheimer.
Era mais um dia normal, em que saiu com a esposa para fotografar a rua 14 de Julho. Parou para conversar com um amigo e, naquele momento, teve o primeiro episódio de desorientação.
“Temos o costume de sair aos finais de semana e, normalmente, passávamos em frente à banca do Hélio. Eles eram muito amigos. Deixei os dois conversando e saí normalmente para andar na 14, ver e comprar alguma coisa para mim”, disse Sandra, que completou:
“Quando voltei, o Hélio disse que ele estava perdido. Ele segurou o Higa, e foi aí que descobrimos o Alzheimer do Roberto.”
Tocando a vida com a medicação, imagine o homem com o maior acervo fotográfico do Estado, com memórias vívidas do passado e a capacidade de contar histórias com detalhes.
Entretanto, o presente, segundo Sandra, ficou um tanto vago.
HCAA
O tratamento no HCAA recebeu nota mil, pelo carinho e dedicação de toda a equipe médica, do corpo de enfermagem, da equipe de higienização e de diversos outros setores, desde a recepção, que foram fundamentais no processo.
“Toda a equipe do hospital Alfredo Abrão foi sensacional. Não há diferença entre os pacientes. Há sempre um sorriso. Nesse período de seis meses, em que fui todos os dias, não posso dizer ‘não fui bem atendida’ ou ‘passamos por dificuldades’. Não, fomos bem atendidos. Tivemos todo o suporte.”
Ainda segundo Sandra, o tratamento foi realizado inteiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sem a necessidade de deixar Campo Grande, o que trouxe mais conforto e aquele sentimento de “estar em casa”.